segunda-feira, 21 de maio de 2007

Ceará, lugar da Chica


Uma lua e uma estrela esculpidas nas falésias tornaram-se símbolo de Canoa, e dão um charme especial à praia, que faz parte do município de Aracati, ficando a 13 km da sede. Quando o olhar não está direcionado para as belas falésias, jangadas chamam atenção no mar. Aventureiros em passeios de buggy desbravam as dunas em busca de emoções fortes. À noite, pessoas de diversas nacionalidades se encontram para curtir reggae, rock, forró, música eletrônica, jazz, música popular brasileira.

Essa variedade de atrativos transformou Canoa Quebrada em um dos principais destinos turísticos do Ceará. Foi na década de 70 que os hippies descobriram a praia, que abrigava uma simples vila de pescadores. As belezas naturais, a noite agitada e o clima místico formaram a combinação perfeita para atrair visitantes.

Os turistas que passeiam pela praia não podem deixar de apreciar o pôr-do-sol no alto das dunas. Os ventos são ideais para a prática de esportes náuticos. No local, existe uma escolinha de kitesurf que oferece aulas para principiantes. Os passeios de buggy pelas dunas são ideais para quem procura emoção e belas paisagens naturais.

Depois de curtir os prazeres que Canoa Quebrada oferece durante o dia, os visitantes podem aproveitar a animação da rua principal do lugarejo, a Broadway. Bares, bons restaurantes e casas de shows oferecem vários estilos musicais, animando a noite de Canoa. A farra dura até o amanhecer. Os que querem uma programação mais tranqüila, podem curtir um lual na praia ou simplesmente aproveitar os serviços dos hotéis e pousadas, com padrões nacional e internacional. Canoa Quebrada fica a 157 km de Fortaleza, com acesso pelas CE-040 e BR-304.

A 12 km de Canoa, a praia de Majorlândia também oferece belos atrativos naturais. Na sede do município de Aracati, a 13 km da praia, os turistas podem conferir um patrimônio arquitetônico tombado, com casas que preservam os azulejos portugueses do século XVIII. Outro passeio próximo é a praia da Lagoa do Mato, santuário natural quase intocado que mantém os costumes da vila dos pescadores. Quixaba e Retirinho são outras praias próximas a Canoa Quebrada que merecem ser visitada.

Fonte: Secretaria de Turismo do Ceará

Maria Bonita, mulher cangaceira


Maria Bonita era o apelido de Maria Gomes de Oliveira, a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.

Maria Bonita nasceu em 8 de março de 1911 e, depois de um casamento frustrado, tornou-se a mulher de Lampião, conhecido como o "Rei do Cangaço", em 1929, mas ainda morando na fazenda dos pais. Um ano depois, em 1930, Maria Bonita é chamada por Lampião para fazer efetivamente parte do bando de cangaceiros, com quem viveria por longos oito anos.

Com o cangaceiro, Maria Bonita teve uma filha de nome Expedita e teve também três abortos. Morreu em 28 de julho de 1938, quando foi degolada pela polícia armada oficial( conhecida como "volante").

Fonte: Wikipédia, 2007

domingo, 13 de maio de 2007

Mulheres Rendeiras



"Sábado. São 10h30 da manhã na cidade de Pesqueira, interior de Pernambuco, e dona Maria José Xavier já está caminhando pela rua com um papel manteiga nas mãos. Neste, uma gola de camisa está riscada esperando tomar forma de renda nos próximos dias. Dona Mazé, como é conhecida, é rendeira. Aprendeu a arte de tecer ainda criança com a mãe, já falecida, passou para as filhas e assiste o ofício ser repassado para a neta de quatro anos, Débora, que sentada ao lado da mãe fala com entusiasmo do pedacinho de bico que confeccionou um tempo atrás e espera mais uma oportunidade para mostrar que será uma rendeira talentosa no futuro.

Na cidade inteira, como em diversas outras partes do interior do Nordeste, a rotina não é diferente. Em quase todas as casas encontram–se mulheres, de todas as idades, reunidas cantando e tecendo por longas horas a fio. A renda foi trazida da Europa por congregações religiosas e suas técnicas vêm sendo repassadas de geração em geração há mais de um século, sustentando a tradição e vida de milhares de famílias, que vivem deste ramo artesanal. Os dois tipos produzidos em terras brasileiras são a Renda de Bilro e a Renda de Agulha ou Renascença.

A Renda de Bilro é mais rara e poucas são as rendeiras que ainda trabalham com este tipo de técnica. No alto de uma almofada, em formato de capacete, são fixados os fios que recebem em suas pontas os bilros – pequenas peças de madeira que facilitam o trançar. A rendeira fixa o desenho a ser tecido na almofada e os locais a serem contornados pelos fios são modelados com alfinetes. Feito isso, ela vai entrelaçando os bilros até todo o desenho aparecer em forma de renda. Este processo está praticamente extinto em diversas cidades nordestinas, que atualmente produzem apenas a Renda de Agulha.

A Renascença é criada usando–se uma linha apropriada, fabricada de algodão puro, uma fita fina chamada lacê, uma almofada cilíndrica, papel manteiga – conhecido pelas rendeiras como papel de risco – e papel grosso para suporte – geralmente utiliza–se papel de saco de cimento ou de ração animal. Elas desenham o formato desejado no papel de risco, colam ao papel suporte, alinhavam o lacê, fixam todo o conjunto na almofada e começam a tecelagem. Quando o trabalho é concluído, a renda é lavada e recebe uma camada de goma para adquirir rigidez.

Uma diferença básica entre os processos é que a renda de bilro era confeccionada em diversas cores e a renda de agulha é predominantemente branca. Antigamente era possível encontrar trabalhos em cor preta e rosada e hoje algumas peças são feitas em cor bege, mas é incomum. O principal fator da opção pela cor branca é que a durabilidade da renda nem sempre condizia com a das tinturas utilizadas nas linhas. Com o tempo, a cor ia desgastado-se e as peças eram descartadas antes de apresentar qualquer defeito de confecção e isso implicava em prejuízo tanto para quem comprava quanto para quem vendia, quando o estoque passava muito tempo sem comprador.

Por ser mais difundida, a renascença vem sendo aperfeiçoada pelas rendeiras. A criatividade vai desde a elaboração dos desenhos até o batismo dos pontos com nomes bastante peculiares. Se no crochê encontramos o ponto-de-cruz, aqui encontramos xerém, malha de cabecinha, traça, vassourinha, nervura, dois-amarrados, torre, ponto sol, ponto lua, folhagem, entre outros. Todos eles foram dados a partir de associações com figuras e formas do cotidiano interiorano, integrando mais elementos à cultura popular, que Dona Mazé e suas filham colaboram para continuar difundindo. A vida e a arte destas mulheres inspiraram canções, como o baião de Zé do Norte “Mulher Rendeira”."


MULHER RENDEIRA
Zé do Norte

Esta é a letra original gravada pelo grupo Demônios da Garôa

Olé, Mulher Rendeira,
Olé mulhé rendá
Tu me ensina a fazer renda,
eu te ensino a namorá.
Olé, Mulher Rendeira,
Olé mulhé rendá,
Tu me ensina a fazer renda,
Eu te ensino a namorá.

Olé, Mulher Rendeira,
Olé mulhé rendá,
Saudade levo comigo,
Soluço vai no emborná.

Olé, Mulher Rendeira,
Olé mulhé rendá,
Se você tá me querendo,
Vamo pra Igreja, vamo casá.

Olé, Mulher Rendeira,
Olé mulhé rendá,
E depois de nóis casado,
Vou pra roça, vou prantá.

Olé, Mulher Rendeira,
Olé mulhé rendá,
Tu me ensina a fazer renda,
Eu te ensino a namorá.

Olé, Mulher Rendeira,
Olé mulhé rendá

As mulheres do Nordeste têm uma relação muito estreita com o Artesanato e a renda de bilro é umas das expressões mais bonitas dessa cultura. AH! a Chica sabia fazer renda...

Trecho retirado do site www.rabisco.com.br, uma pena que saiu do ar, pois as matérias são muito legais.

Feliz Dia das Mães!

sábado, 12 de maio de 2007

A Hora das Estrelas

Talvez o que me mova agora não seja apenas a vontade de falar sobre minha mãe. O que me movimenta é a necessidade de externar todos os conflitos que ainda teimam em insistir. Como sempre falo, escrever me liberta, me redimi, é a minha permissão interna para estar no mundo. É a forma com a qual eu me apresento. Vasculhando as lembranças de infância, me vejo ainda no início da adolescência lendo "Àgua Viva" de Clarice e mesmo que não compreendesse a fundo suas palavras pra mim tão novas, eu nutria por ela uma admiração tão grande que somente fui entender depois de adulta, quando li "A Hora da Estrela". Na verdade, eu me sentia uma Macabéinha também, com meus pais desprovidos financeiramente, mas com uma necessidade de cultura que não combinava com a minha vida em si. Ou parecia não combinar, eu acho.
Quando lembro desse romance, outras lembranças povoam meu imaginário: minha mãe escutando o "Show do Antônio Carlos", na Rádio Globo e os seus calorosos "debates populares" Não era a rádio relógio da Macabéia, mas era o mesmo veículo. A aguçada percepção das duas as tornaram pessoas cultas sem as letras... a sabedoria que vem da vida e não do livro, da palavra. Como não traçar um paralelo entre essas duas mulheres se o final das duas foi digamos, semelhante...? A Macabéia de Clarice, singela e humilde é atropelada e morre debaixo dos olhos dos transeuntes. Eram os seus quinze e derradeiros minutos de fama. A Macabéia da minha vida, foi-se de vez no Dia das Mães... No Dia da Estrela. Muitos poderiam julgar que foi difícil pra mim o que aconteceu, mas eu prefiro acreditar que o destino a levou nesse dia por uma questão de celebração mesmo.

Kátia Barros

Clarice Linspector, Dona Chica e outras Bruxas


AS TRÊS EXPERIÊNCIAS

Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou a minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. "O amar os outros" é tão vasto que inclui até o perdão para mim mesma com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida . Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca. E nasci para escrever. A palavra é meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que, foi esta que eu segui. Talvez porque para outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no entanto cada vez que eu vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever. Quanto aos meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe. Meus dois filhos foram gerados voluntariamente. Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar. Se eu não fosse mãe, seria sozinha no mundo. Mas tenho uma descendência, e para eles no futuro eu preparo meu nome dia a dia. Sei que um dia abrirão as asas para o vôo necessário, e eu ficarei sozinha: É fatal, porque a gente não cria os filhos para a gente, nós os criamos para eles mesmos. Quando eu ficar sozinha, estarei seguindo o destino de todas as mulheres. Sempre me restará amar. Escrever é alguma coisa extremamente forte mas que pode me trair e me abandonar: posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo e que eu devo aprender também a parar. Em escrever eu não tenho nenhuma garantia. Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer. Amar não acaba. É como se o mundo estivesse a minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera. Clarice Linspector

Esse texto de Clarice me emocionou muito pela simplicidade com a qual fala da Maternidade e de Amar...
Clarice foi uma mulher "diferente", muitos a chamavam de bruxa, mas eu a vejo como uma Mulher simples, sonhadora, idealista, que traduziu o Amor em todas as suas expressões em seus mais belos textos.

Como Clarice, Dona Chica tinha seus ares de Bruxinha... fazia chás, misturas exóticas para passar nos cabelos, e conseguia fazer uma comida deliciosa sem tempero nenhum, vai entender!!!? Uma palavra e todas nossas dúvidas existenciais desapareciam... um toque e às vezes até as dores passavam... Isso é ou não é um feiticinho?

Parabéns a todas as mães, mulheres e bruxas...

Kátia Barros

terça-feira, 8 de maio de 2007